Como funciona o processo de aquisição entre empresas?
- Ipê Avaliações
- 10 de mai.
- 5 min de leitura
Da identificação à integração: entenda as etapas, estratégias e desafios para maximizar valor e garantir sucesso nas aquisições empresariais

No cenário corporativo atual, processos de aquisição entre empresas tornaram-se ferramentas estratégicas essenciais para organizações que buscam crescimento acelerado, expansão de mercado ou acesso a novas tecnologias e talentos.
Embora as grandes transações de aquisição de empresas frequentemente dominem as manchetes, companhias de todos os portes podem se beneficiar deste mecanismo para alcançar objetivos estratégicos e maximizar valor.
O que é um processo de aquisição entre empresas?
Em resumo, o processo de aquisição de empresas consiste na compra de uma organização (empresa-alvo) por outra (empresa adquirente), transferindo o controle e a propriedade dos ativos, operações e patrimônio. Diferente das fusões — onde ambas empresas se unem para formar uma nova entidade — nas aquisições, a empresa compradora normalmente mantém sua identidade e estrutura, incorporando a adquirida ao seu portfólio ou operações.
Em termos jurídicos, as aquisições podem ser classificadas como totais ou parciais: na primeira, 100% do capital é transferido; na segunda, apenas parte das ações ou quotas muda de mãos, com diferentes implicações em governança e gestão. O objetivo central em qualquer processo de aquisição entre empresas é gerar valor adicional através de sinergias estratégicas, operacionais e financeiras, assegurando que o benefício da combinação supere o preço pago.
No Brasil, aquisições significativas estão sujeitas à aprovação do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), exigindo notificação prévia quando os critérios de faturamento são atingidos ou quando há risco de concentração de mercado. O cumprimento rigoroso dessas regulamentações é fundamental para garantir segurança jurídica e evitar reversões ou penalidades após o fechamento do negócio.
Por que empresas buscam adquirir outras organizações?
Empresas iniciam processos de aquisição por diversos motivos estratégicos: aumentar participação de mercado, eliminar concorrentes diretos e alcançar economias de escala que reduzam custos unitários. Outras buscam complementar seu portfólio de produtos ou serviços, acessando novos segmentos de mercado sem o investimento e tempo necessários para desenvolvimento interno.
Além de motivações mercadológicas, as aquisições frequentemente visam obter recursos estratégicos como tecnologias proprietárias, patentes ou talentos especializados que seriam difíceis de desenvolver organicamente. Este fenômeno, conhecido como aquisição de capacidades ou "acqui-hiring", é particularmente comum em setores de tecnologia e inovação.
Fatores econômicos também impulsionam processos de aquisição empresarial: em períodos de avaliações de mercado deprimidas, empresas com caixa robusto encontram oportunidades para adquirir competidores ou parceiros estratégicos a preços atrativos. Por outro lado, em ambientes de abundância de capital e taxas de juros baixas, o financiamento para aquisições torna-se mais acessível, aquecendo o mercado de M&A.
Tipos de aquisições empresariais
O universo das aquisições corporativas comporta diferentes modalidades, cada qual com características específicas e requisitos estratégicos distintos. Dentre os principais tipos estão:
Aquisições horizontais
Aquisições horizontais ocorrem quando uma empresa adquire outra do mesmo setor ou segmento, visando ampliar participação de mercado e gerar sinergias em áreas como marketing e distribuição. Embora eficientes para crescimento e otimização operacional, enfrentam maior escrutínio antitruste.
Aquisições verticais
As aquisições verticais envolvem a compra de empresas em diferentes estágios da cadeia de valor, como um fabricante adquirindo um fornecedor (integração para trás) ou distribuidor (integração para frente). O objetivo é aumentar o controle sobre insumos críticos e canais de distribuição, reduzindo dependências externas.
Aquisições de conglomerado
São aquisições de empresas em setores não relacionados ao negócio principal da adquirente, visando diversificar riscos e expandir para novos mercados. Apesar de reduzirem a volatilidade dos resultados, apresentam desafios significativos na integração e gestão.
Aquisições hostis vs. amigáveis
Nas amigáveis, há concordância da empresa-alvo, facilitando a due diligence e transição. Nas hostis, a oferta é feita diretamente aos acionistas contra a vontade da administração, exigindo prêmios maiores e enfrentando desafios adicionais na integração.
Etapas do processo de aquisição empresarial
O processo de aquisição entre empresas segue uma sequência estruturada de etapas para garantir que todos os aspectos da transação sejam adequadamente avaliados e executados:
Planejamento estratégico: definição clara dos objetivos da aquisição, critérios para seleção de alvos e métricas de sucesso.
Identificação e triagem de alvos: pesquisa de mercado e análise preliminar de empresas potenciais, considerando alinhamento estratégico, cultura e viabilidade financeira.
Abordagem inicial: contato com a empresa-alvo para avaliar interesse e estabelecer canais de comunicação.
Assinatura de NDA (Acordo de Confidencialidade): proteção das informações sensíveis trocadas durante as negociações preliminares.
Carta de intenções ou Term Sheet: documento não-vinculante que estabelece os principais termos e condições da transação proposta.
Due diligence: investigação detalhada das informações financeiras, legais, operacionais e comerciais da empresa-alvo.
Estruturação da transação: definição do formato da aquisição (ativos ou ações), mecanismos de pagamento e ajustes.
Negociação final e contrato: elaboração e negociação do contrato definitivo de compra e venda.
Aprovações regulatórias: obtenção de autorizações necessárias, incluindo CADE e agências setoriais quando aplicável.
Closing: fechamento da transação com pagamento e transferência formal de propriedade.
Integração pós-aquisição: implementação do plano de integração para capturar as sinergias projetadas.
Cada fase do processo de aquisição empresarial requer uma expertise específica e avaliação cuidadosa para mitigar riscos e maximizar o valor da transação. A assessoria de especialistas em M&A, como os profissionais da Ipê Avaliações, é fundamental para navegar com segurança por este complexo percurso.
Importância do Valuation e do laudo técnico de avaliação
Para adquirir outra empresa, primeiro é importante saber quanto ela vale. Nesse sentido surge o valuation. Esse processo orienta as negociações e estabelece bases para um acordo justo.
A partir do valuation, um laudo técnico de avaliação é gerado, contendo todas as informações realizadas durante o processo. O documento traz credibilidade ao processo, por conta das metodologias utilizadas, premissas realistas e, o mais importante, a empresa responsável por ele.
Na estruturação da transação, o laudo técnico identifica ativos estratégicos e passivos ocultos importantes para as cláusulas contratuais. Durante a due diligence, auxilia em ajustes de preço e mecanismos de proteção. Para aprovações regulatórias, demonstra que a precificação segue condições normais de mercado.
O laudo continua relevante após a aquisição, servindo como referência para medir o sucesso da integração e a realização das sinergias previstas. Em caso de disputas, oferece evidência técnica robusta para processos judiciais. Assim, mais que uma formalidade, o valuation profissional é um investimento que protege recursos e aumenta as chances de sucesso da aquisição.
Afinal, vale a pena adquirir outra empresa?
Tomar a decisão de adquirir uma empresa requer uma análise cuidadosa que equilibre potenciais benefícios e riscos. Por um lado, uma aquisição bem-sucedida pode impulsionar o crescimento, abrir novos mercados e trazer eficiências operacionais significativas.
Por outro lado, é importante considerar que uma parcela considerável das aquisições empresariais não atinge seus objetivos, principalmente devido a avaliações inadequadas, processos de due diligence insuficientes e desafios na integração pós-aquisição.
Em conclusão, embora o processo de aquisição empresarial seja uma ferramenta poderosa para crescimento e transformação organizacional, seu sucesso depende de uma preparação meticulosa e execução disciplinada.
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